Chegada à quinta do meu avô, a primeira coisa que faço é pôr-me de cócoras arrancar as ervas daninhas. Volto à mesma posição do espaço, ao mesmo espaço do espaço. Transporto-o em mim.
Esta palavra espaço, esta atmosfera do espaço tão específica e tão palpável que me persegue.
E a água que saiu das minhas mãos voltou a ser castanha.
O início da semana foi com o vazio, sim, mas principalmente com uma melancolia que se instalou, pareceu-me, à minha volta. Aquele lugar vago entre a tristeza e a saudade. Sem conseguir apontar-lhe o dedo. Ficou só, assim, pairando à minha volta, uma esfera. E a dificuldade em falar com os outros humanos!
Foi a ausência do espaço, ou o trabalhar até o conseguir recuperar. A calma e o silêncio daquele lugar. O tempo que passa constante, calmamente. E a vida continua a girar à volta. E em Alfama, a vida continua a girar à volta. Mariano, Tina, Mónica, Carlos, Luís, para todos eles, o nosso pingo chegou e passou. Entre as emoções, custou-me foi digerir isso… O nosso espaço que continua nosso, mas abri a mão e agora transporto-o comigo. Sem metáforas new age, é só isso mesmo. Tão simples…
As decisões para não morrer ou a reciclagem do mundo. Com o meu avô de 99 anos e a minha prima de 12!
(E as visitas ao Mariano vão continuar, impossível parar…)